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A CONSTRUÇÃO DO

CANTO DE EXPERIMENTAÇÃO

Após o processo de definição do local, do projeto e da realização das oficinas, foi com muita alegria que todos os envolvidos viram essa nova fase começar. 

A maior parte das etapas teve participação direta dos alunos na construção, mexendo com ferramentas e aprendendo a fazer coisas muito diferentes das quais estavam acostumados. Em outros momentos, mais técnicos, profissionais assumiram as tarefas e os alunos acompanharam-nos através de registros e conversas a respeito do estágio da obra. 

A seguir, dividiu-se o processo em cinco fases para melhor orientação: a definição do terreno e seu nivelamento; a fundação e a estrutura; a cobertura feita como teto verde; as instalações, com a grande "pia-chafariz"; o mobiliário, feito com técnicas aprendidas nas oficinas de terra.

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TERRENO

A preparação do terreno começou nas oficinas de terra, quando os alunos de todas as séries usaram enxadas, enxadões e sachos e, em turnos, foram, aos poucos, cavando e realocando a terra no local escolhido para construir o Canto de Experimentação. Na área da cobertura principal, foi necessário extrair a terra e realocar um arbusto. Para isso, Seu Josias, funcionário da escola e exímio conhecedor e cuidador de plantas, auxiliou na operação: ajudou a descobrir as raízes e retirar a planta sem que ela fosse danificada. E sem perder uma folha sequer.

Entre o Canto de Experimentação e a Casa do Pato (onde acontecem as aulas de teatro) foi construída uma "agorinha", como foi apelidada pelos alunos. Trata-se de uma versão menor da ágora, que fica perto do refeitório: uma praça semicircular, de chão batido, onde as pessoas se reúnem. Para produzir esse espaço, foi necessário colocar e bater muita terra, além de reposicionar um muro, no entorno, feito com tijolos que demarcavam uma antiga horta. Como os tijolos já tinham musgos, a aparência da obra era de um murinho antigo. Crianças e arquitetos, após finalizá-lo, brincaram dizendo que, na verdade, era uma ruína, que já estava lá há anos e fora recém descoberta por eles...

Coube aos alunos, com cuidado, fazer as passagens de nível entre cada um dos ambientes. Onde ficava mais inclinado, onde estava mais plano, onde era mais fácil tropeçar, como as crianças iriam correr por ali? Respondendo a cada uma dessas questões de forma prática, todos foram trabalhando e adequando o terreno, auxiliados por pás e pilões.

TERRENO
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"Eu aprendi que tem que ter muita agilidade para trabalhar no canteiro"

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"Para cavar, eu melhorei bastante porque eu não punha o pé para empurrar a pá, agora, eu ponho"

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mais fotos do processo de nivelamento do terreno:

"Aprendi com os mais velhos que não pode bater a pá ou a enxada na cabeça dos outros"

ESTRUTURA

ESTRUTURA

Foi decidido que a estrutura do Canto de Experimentação seria feita de madeira, uma solução leve, que combinava com o ambiente da escola. Para essa etapa, foram contratados construtores especializados nesse tipo de montagem e, na data marcada, eles chegaram com as grandes peças de madeira laminada colada. Durante cerca de duas semanas, mestre Pedro e sua equipe construíram o esqueleto do espaço e, todos os dias, recebiam visitas dos alunos para observar e conversar sobre o que estava sendo feito.

Pedro explicou o funcionamento de um prumo e como fazer para tornar uma estrutura reta, contou para que servem as fundações, o que é um esquadro e falou da grande dificuldade de posicionar cada um dos pilares, para encaixar direitinho com a cobertura que vem depois. 


Os alunos mais curiosos aproveitavam as horas livres para puxar Pedro de lado para perguntar mais sobre a construção, ou tentavam convencê-lo (sem sucesso) a deixá-los subir nos andaimes.

Foram dias de menos "mão na massa" e mais observação, conversa e registro por parte dos alunos, mas, mesmo assim, com importantes transformações. Quando Pedro e sua equipe foram embora, o espaço já tinha ganhado cara e aquela maquete, tão pequenina, começava a ser vista em escala real.

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"Antes de pôr a madeira, tinha que fazer a fundação. A fundação é assim: cava um buraco fundo, põe pedras, ferro e cimento. Tem que pôr uns ferros bem no centro para encaixar a madeira do pilar" 

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"Aprendi sobre o pião, que ele mede o meio e onde está o meio é o certo para fazer os pilares"

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mais fotos da construção da estrutura:

COBERTURA

COBERTURA

A cobertura foi uma grande experiência que o Canto de Experimentação, fazendo justiça ao nome, proporcionou. O projeto propunha um teto verde, cheio de plantas. Assim, ao ser visto à distância, o canteiro ficaria ainda mais escondido na mata do entorno.

Os alunos do oitavo ano, que já estavam engajados no projeto da horta, foram os que tocaram essa etapa junto dos arquitetos e professores. Com bambu colhido perto do riozinho, foi feito um canteiro sobre a cobertura impermeabilizada que, com uma manta drenante, abrigava uma mistura de terra e areia. Em cima desse canteiro, os alunos plantaram diversas mudas, selecionadas por suas características de fácil adesão: boldinho, lambaris roxos e várias suculentas. 

Depois disso, foi só esperar elas crescerem e tomarem forma. Como toda experiência, é preciso ver como a cobertura e as plantas vão se comportar no decorrer do tempo. A manutenção também faz parte da construção.

"Gostei muito do teto verde, mas demora muito para fazer"

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"Eu gostei muito desse trabalho. Vou lembrar sempre"

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"Nós plantamos boldinho, muito boldinho, lambari, não tanto, e várias suculentas”

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mais fotos do teto verde:

INSTALAÇÕES

INSTALAÇÕES

Desde o início do projeto, uma característica favorecia a escolha desse local para o Canto de Experimentação: a existência de um ponto de água próximo. Tal torneira sempre foi usada para lavar as mãos e o rosto na saída das aulas de educação física ou na volta das horas livres, sendo que todas as crianças reconhecem seu valor. Daí, surgiu a ideia de uma fonte para o espaço que, com intervenções criativas do Fefa, um dos arquitetos, ganhou forma aliando torneiras, tanques, diferentes alturas e um sistema de filtragem da água. Os alunos participaram de todas as etapas de instalação, aprendendo sobre os nomes das tubulações e conexões, as bitolas, como colar, lixar, encaixar... Em muitos aspectos, um processo similar à montagem dos famosos legos. 

Além da instalação da fonte, foi feito um trabalho de drenagem natural no terreno através da escavação de dutos para ajudar a conduzir a água da chuva, bem como foram colocadas algumas tubulações para aproveitar a saída da água para regar plantas. Dessa forma, a tubulação da antiga torneira, por exemplo, foi desviada para um pé de boldo, e a saída do tanque da fonte, encaminhada para perto da horta. 

Depois de tanto trabalho, inaugurou-se a fonte: abrir a torneira pela primeira vez foi uma festa e todas as crianças comemoraram. Deu certo! Há ali uma nova bica d'água, a "pia-chafariz", como os alunos a chamaram.

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“Eu gostei muito de saber o que é um ladrão. É a coisa que faz os canos funcionarem, tipo um farol das águas. É por onde escapam as águas que estão sobrando"

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"a gente começou a falar dentro do anel e viu que nossa voz saía pelo cano lá do outro lado. Então, a gente começou a falar de um lugar para o outro e saía nossa fala dentro da fonte"

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"Todo mundo queria abrir a torneira pela primeira vez"

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"Quando abriu a torneira, todo mundo entrou, junto, fez aquele jato máximo da água. Foi muito legal!"

mais fotos das instalações:

"A nossa fonte tem britas grandes e pedras de rio para a água não ir embora de uma vez e para tirar as sujeiras"

MOBILIÁRIO

MOBILIÁRIO

Além da fonte, o Canto de Experimentação tem uma grande bancada de madeira instalada sobre uma base de taipa e uma única parede, feita de pau-a-pique. Ambas as técnicas haviam sido aprendidas pelos alunos nas oficinas de terra, no semestre anterior e, em um dos muitos dias de "mão na massa" do projeto, tais técnicas foram aplicadas na construção do novo espaço da escola.

Os alunos fizeram um pouco de cada atividade: no pau-a-pique, amarraram a trama de madeira com sisal, para dar firmeza; amassaram a terra com os pés e fizeram bolas de barro; jogaram, prensaram e alisaram o barro sobre a trama de madeira, até ficar com aspecto de parede. Na taipa, bateram com a mão de pilão firme e insistentemente sobre a terra peneirada, mas, tomando muitos cuidados! É preciso bater com a força certa: nem muito fraco, que não rende, e nem tão forte, que deforma o molde de madeira. É preciso, também, atentar aos cantos, para que não quebrem e, de preferência, trabalhar cantando.

"Aprendi que dá para fazer coisas com terra na construção, não só com tijolos"

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"Também gostei de pôr a massa na parede porque a gente batia, batia, batia e a outra pessoa, do outro lado, batia, batia, batia"

"Eu adorei pisar no barro! A gente saía com o pé muito enlameado, parecia que tinha um monte de lesma no chão, dava aflição e era gostoso"

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"Eu gostei de todos trabalhos que a gente fez, mas, o que mais gostei foi de pilar o chão e a taipa"

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"Eu achei mais importante a mesa porque a gente pode por várias coisas e ela ficou bonita"

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mais fotos do mobiliário do canto:

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