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SOBRE

O chamado mundo infantil não é próprio dessa idade unicamente. É um modo de ver o mundo e a vida que a lógica trata de eliminar do ser humano; mas, não pode consegui-lo - por ora - na criança. Último refúgio e única reserva para o futuro. A topologia é sua geometria, a alquimia, sua ciência, a ficção, sua realidade. Os jogos, a ocupação, a magia é o poder, a natureza, o meio e a alegria é o único capital com o qual compram e pagam ao adulto.

                                                                                                                                                [Julia Saló e Santiago Barbuy]

A partir da necessidade de uma ampliação da biblioteca da Escola, surgiu o projeto “Construção coletiva do espaço: habitar e pertencer” como eixo do trabalho da Ágora em 2019. A equipe pedagógica da escola, em colaboração com a equipe de arquitetos contratada para essa reforma – coordenados pela arquiteta Cristina Xavier, a Cris -, trabalhou, de forma transversal, diversos temas relacionados às noções de construção, coletividade, espaço, habitação e pertencimento, articuladas no tema do referido projeto.

Desde o final do ano anterior, os arquitetos já vinham atuando na escola, fazendo uma série de levantamentos do espaço e conversas preparatórias com alunos e professores. A partir dos encontros iniciados então, o processo de planejamento de 2019 foi de trabalho intenso e muito profícuo: arquitetos e equipe da escola debateram, trocaram, imaginaram; professores construíram seus planos de aulas e atividades balizados pelas questões do projeto. As atividades coletivas da construção fariam a articulação entre as diversas áreas de conhecimento e as várias turmas de alunos.

O primeiro semestre abrigou um processo de preparação da construção – em que houve muitas descobertas e produziu-se  muito conhecimento, vale dizer. Muitos trabalhos, nas diversas áreas do conhecimento, giraram em torno de garantir uma certa ambientação dos alunos às questões de construção: estudos de diferentes tipos de moradia, a geometria nas construções, técnicas construtivas de povos antigos, estudos dos elementos da natureza utilizados nas edificações, desenhos, com perspectiva e de observação dos lugares da escola, leitura de plantas e outros materiais técnicos e, enfim, foram muitas e frequentes as entradas no tema do projeto durante as aulas. Para além desse trabalho, aconteceram atividades mais diretamente preparatórias da construção como conversas, oficinas, expedições, pesquisas de opinião, entre outros.

O segundo semestre foi tempo de muitas transformações no espaço da escola: além da materialização do Canto de Experimentação, que vinha sendo “construído” desde o início do ano, aconteceram outras intervenções promovidas também pelos alunos, professores e arquitetos, como a horta, a ponte autoportante, o canto de leitura, os brinquedos, a casa na árvore e a revitalização do riozinho com o plantio de palmito-juçara em seu entorno. Durante todo o projeto, os estudantes tiveram a oportunidade de participar ativamente das construções, trabalhando desde o plano arquitetônico inicial até o erguimento, conhecendo todos os meandros desse processo, do desenho aos materiais, dos métodos construtivos à adequação dessas formas aos seus usos, que devem responder às demandas das relações coletivas que caracterizam o espaço escolar.

Ágora, na Grécia Antiga, era o espaço do encontro, do livre debate de ideias, lugar de construção do conhecimento, de tomada de decisão sobre os destinos daquela sociedade. No projeto “Construção coletiva do espaço: habitar e pertencer”, assumimos essa “vocação” e olhamos para a Escola Ágora a partir dessa perspectiva original, entendendo-a como um espaço que é construído coletivamente, num processo de busca de maior entendimento sobre a história humana, de pessoas que se juntam para habitar um território, conformar lugares, construir pertencimentos.

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