ARQUITETURA NA ESCOLA ÁGORA
PROJETO CONSTRUÇÃO COLETIVA DO ESPAÇO: HABITAR E PERTENCER
HORTA
É tradição na escola a horta feita pelo primeiro ano. Dessa vez, foi um pouco diferente, porque o projeto juntou-se com a construção do Canto de Experimentação e a horta foi feita em trabalho conjunto com o oitavo ano. Os canteiros foram pensados para se tornarem, também, um jardim drenante, que conduzisse e absorvesse a água da chuva.
Orientados por professores e arquitetos, alunos de primeiro e oitavo anos realizaram alguns encontros para conhecer as ervas já existentes na escola e pesquisar as características desse tipo de planta, tanto em termos morfológicos, quanto em relação aos usos: medicinal, gastronômico e mágico. É desnecessário dizer qual desses interessou mais aos pequenos...
A disciplina de ciências entrou em cena, ampliando as investigações dos estudantes, sobretudo, no que tange ao crescimento de caules, folhas e raízes. A escola recebeu muitas mudas, adquirimos outras tantas, e, a cada vez, fizemos rodas para observá-las, tocá-las, sentir seus aromas, compará-las e aprender um pouquinho mais sobre elas: formato das folhas, presença e composição de flores, desenho de suas raízes e caules e, como já dito, utilizações.
Enquanto isso, também planejamos o desenho do jardim em conjunto, ouvimos sobre outros jardins espalhados pelo Brasil e pelo mundo e preparamo-nos para a plantação, que aconteceu quando começaram as chuvas. O arquiteto que acompanhou esse projeto durante todo o tempo explicou às turmas as mudanças que aconteceriam na área dos antigos canteiros em função do conceito de jardim filtrante, que aproveita o caminho natural de escoamento da água da chuva para irrigar as plantas. A partir daí, alunos de ambas as turmas começaram a trabalhar o terreno, devidamente munidos de enxadas, pás e sachos.
Depois do terreno preparado, era hora de iniciar o plantio. Foram algumas tardes até darmos por encerrada essa etapa, afinal, foram plantadas mais de cem mudas! Além dessa dimensão quantitativa, as crianças lidaram com outra, qualitativa: que ervas podem ficar próximas de outras, quais precisam de mais água, quais de maior incidência de luz... Tinham que recuperar informações previamente estudadas, o que fizeram com o auxílio dos adultos ali presentes. Virava e mexia, alguém perguntava: “a salsinha é amiga do coentro?” ou “a hortelã se dá bem com a lavanda?”. Queriam, na realidade, lembrar sobre crescimento de raízes e caules...
“Trabalhei com o oitavo ano e foi muito legal”
“Eu trouxe um monte de ferramentas, já tinha usado algumas, outras, não. Aqui na Escola, usei ferramentas que não eram minhas também, por exemplo, pás”
“Gostei de trabalhar com os mais velhos”
“Eu gostei de fazer o jardim. Foi legal escolher onde cada erva ia ficar”
“Foi muito cansativo fazer os trabalhos com os grandes porque tinha que fazer muita força”
“A taioba cresceu tanto que já está maior do que o Gael e o Enrico!”
GALERIA DE FOTOS - DESENHOS DO 1º ANO
GALERIA DE FOTOS - ESTUDOS PARA PLANTIO DO 8º ANO
O JARDIM DE ERVAS FILTRANTES
[Texto coletivo do primeiro ano]
Nós, do primeiro e do oitavo anos, fizemos um projeto de construção de um jardim de ervas filtrante. É um jardim muito cheiroso, cheio de ervas de vários tipos, com um caminho cavado por nós, na terra, que funciona como um cano aberto, por onde a água vai dando circuladas, vai fazendo um zigue-zague e, nesse zigue-zague, ela passa por todo o canteiro, mantendo a umidade da terra, até que uma hora ela sai.
Nós começamos esse trabalho achando ervas novas e antigas, que conhecíamos e não conhecíamos. A gente até via essas ervas, mas, não sabia qual era qual.
Pegamos alguns galhos com o Luiz e o Bruno para fazer mudas em água, para que os galhos enraizassem na água.
Funciona assim:
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Pega o galho.
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Tira as folhas do galho até mais ou menos dez centímetros.
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Coloca na água.
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Espera que apareçam raízes.
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Então, é só plantar na terra, num bom lugar.
Um bom lugar para plantar ervas é o que tem um pouco de sol e um pouco de não-sol, de sombra. Precisa de terra boa e bem adubada, adubada de maneira natural, e de água próxima, de torneira ou de chuva. O jardim funciona muito bem só com águas de chuva.
Para conseguir as mudas, nós fizemos algumas, mas, também, pedimos para alunos e famílias por bilhetes. Conseguimos muitas mudas, até de quem não recebeu o bilhete. Plantamos cerca de setenta e cinco mudas num dos dias. Juntando tudo, plantamos quase cem!
Preparar o terreno foi muito legal porque precisava de muita força e muita habilidade. Fizemos isso com o oitavo ano, que são muito bons em fazer coisas, e com os adultos, professores e arquitetos. Começamos a abrir o caminho da água. Um de nós ficou jogando água com a mangueira para ver se ela corria bem. Mas, ela não foi muito bem. Até metade do caminho, deu certo o escoamento, mas, ela encontrou uma subida. Então, a gente teve a ideia de fazer um atalho para a água cortar caminho e chegar mais rápido até as plantas e não ter que se acumular para, só então, subir. Um de nós falou para o Fernando ajudar a água, cavando mais e puxando, mas, nessa subida, tinha uma pedra, dura, impossível de escavar. O atalho era a única saída.
Colocamos troncos para segurar a terra para que a água não a escavasse, porque a água faz buracos, até em ruas, e pode desmontar os canteiros. Além de troncos pesados, usamos cascas de bananeira e folhas secas para manter a terra segura e sempre firme.
Fizemos uma ilhazinha no jardim e decidimos colocar as melissas ali. Ficou bom porque elas ficam um tanto grandes quando crescem, formando arbustos.
A gente sabia que hortelã precisa de muita água e, no primeiro momento, a gente fez um teste de colocá-lo no caminho da água, que já tínhamos escavado. Mas, a gente percebeu que, lá, ia alagar demais os pés de hortelã e eles morreriam. Então, a gente mudou as mudas de hortelã de lugar e elas foram para uma parte um pouco mais alta, perto do poejo. O poejo ficou isolado, também, na paredinha da “agorinha”, que é a praça perto do jardim e do canto de experimentação, porque suas raízes são compridas e espalhadas, do tipo rasteira. O poejo cresce, cresce, cresce para todo lado.
Plantamos a malva na direção do balanço, na borda do jardim, porque ela gosta de sol e ela protege todas as plantas que estão na horta, e, também, protege a Escola inteira.
O nosso jardim está muito bonito, está crescendo muito bem e está com muitos cheiros e bichinhos.
Adoramos trabalhar com os amigos do oitavo ano porque eles ajudaram e são uma série bem legal!
OS TIPOS DE RAÍZES
[Texto coletivo do oitavo ano]
Existem quatro tipos de raízes. A raiz axial ou pivotante é subterrânea e é possível detectar com facilidade a raiz principal e as secundárias. A raiz ramificada é, também, subterrânea, mas, não é possível diferenciar com clareza a principal das secundárias ou terciárias – essa raiz, como o próprio nome diz, se ramifica sucessivamente. A raiz fasciculada se caracteriza por ser impossível distinguir a principal das secundárias e das demais. Também existe a raiz tuberosa, que é caracterizada pelo acúmulo de nutrientes que utilizamos em nossa culinária, como é o caso da cenoura.